Segundo o governador do Maranhão, aumento de candidaturas avulsas é apenas uma tática eleitoral dos partidos por conta da cláusula de barreira
Apesar das insinuações de que o PCdoB e o PT estão rompendo após 40 anos de alianças em eleições municipais, estaduais e federais pelo Brasil, o governador do Maranhão, Flávio Dino, principal liderança do Partido Comunista do Brasil, nega o afastamento entre as duas legendas e acredita que o momento esteja exigindo uma tática eleitoral dos partidos.
“Acho que é mais uma questão contingencial do que uma tendência. Eu não vejo esse afastamento, é tática eleitoral, eu te diria assim. Eu acho que é uma tática eleitoral do PCdoB para passar a cláusula de barreira”, afirmou Flávio Dino à coluna. A cláusula de barreira estabelece normas para que os partidos tenham acesso a recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão.
Segundo a cláusula, aprovada por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em 2016, os partidos precisam obter pelo menos 1,5% dos votos válidos para deputado federal em, pelo menos, 1/3 das unidades da federação, com, no mínimo, 1% dos votos em cada uma delas; e eleger, ao menos, nove deputados federais em, no mínimo, nove unidades da federação, caso o partido não consiga cumprir a diretriz anterior. Essas regras valem até as eleições de 2022, quando haverá mudança nos requisitos.
Para Flávio Dino, alguns partidos estão tentando se fortalecer e devem lançar muitos candidatos nas eleições municipais deste ano. Segundo ele, a estratégia “firma a identidade partidária e projeta novas lideranças para 2022”.
O governador explica que eleições municipais já têm mais candidatos naturalmente, mas há algo diferente acontecendo neste ano, especialmente por causa das novas regras eleitorais, que incluem a cláusula de barreira e o fim de coligações nas eleições proporcionais, que abrangem os cargos de deputado estadual, federal e distrital, além de vereadores. “É um momento, uma tática eleitoral por causa das novidades legais. Isso leva a uma proliferação de candidatos nesse momento inicial”.
Apesar do movimento deste ano, Flávio Dino acredita que a aliança entre os partidos voltará a acontecer em 2022. “Para 2022, já vejo o contrário. Acho que em 2021 volta a aglutinação dos partidos”, acredita. Especialmente no caso de deputados federais que perceberem que seus partidos não possuem uma base forte para disputar as eleições em 2022, Flávio Dino acredita que alianças voltarão a acontecer.
Para o governador maranhense, um dos pontos que reforça a ideia de que não há afastamento entre o PT e o PCdoB é o apoio que os dois partidos darão a Edmilson Rodrigues, candidato à prefeitura de Belém do Pará pelo PSOL nas eleições deste ano. Além disso, Flávio Dino reforça que tem participado de reuniões entre o PT e o PCdoB e o clima tem sido ameno e tranquilo entre as duas legendas.
Segundo ele, uma mudança visível, no entanto, acontece na postura do PSOL, que tem se mostrado mais aberto a alianças. “Acho que por conta dessas derrotas que a esquerda teve, de 2013 pra cá, o PSOL modulou um pouco sua posição e ficou um pouco mais aliancista. Isso explica o crescimento do número de alianças”, acredita. (Revista Veja)
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