A Orientação foi dada pelo presidente afastado, o vice-governador Carlos Brandão
Após intervenção nacional no Diretório Estadual do PSDB, o ninho tucano adotou a “lei do silêncio”. Lideranças do partido preferem ficar em cima do muro quando o assunto é a situação da legenda no Maranhão e sobre seus próprios destinos políticos. Ninguém sabe ao certo quem permanecerá ou quem alçará voos em breve. A disputa interna entre o presidente afastado, vice-governador Carlos Brandão, e o agora presidente da Comissão Interventora, senador Roberto Rocha, expôs um racha interno. Para os tucanos, a hora é de ficar de “bico fechado”.
O Imparcial apurou que as lideranças do PSDB no estado foram aconselhadas a não manifestarem declarações sobre a situação. O conselho partiu de Carlos Brandão, que tenta reverter a intervenção imposta pelo PSDB Nacional na semana passada.
Brandão, que já manifestou sua disposição a lutar para permanecer na presidência estadual, tenta convencer a Executiva Nacional de que tem condições de liderar a legenda no Maranhão. A troca de comando no PSDB Nacional pode resultar em uma nova análise da situação do ninho tucano maranhense, já que a intervenção havia sido aprovada por Tasso Jereissati, que deixou a presidência do partido e deu lugar a Alberto Goldman.
Enquanto isso, a “lei do silêncio” impera, principalmente, por aqueles cotados a deixar o partido caso Roberto Rocha siga como presidente estadual. Procurado pela reportagem de O Imparcial, o deputado estadual licenciado e secretário de Desenvolvimento Social, Neto Evangelista, preferiu falar sobre o assunto “um pouco mais para frente” para “não se precipitar”.
Acordo
Caso não consiga alterar o cenário do PSDB no Maranhão, Carlos Brandão deixará o partido. Sua saída é inevitável com a permanência de Roberto Rocha, que pretende ser o candidato tucano na disputa pelo governo do estado. Uma vez fora, Brandão deverá levar consigo algumas lideranças como Neto Evangelista e o suplente a senador Pinto Itamaraty.
A O Imparcial, Itamaraty confirmou o acordo feito por Brandão com filiados do PSDB. Com isso, o suplente a senador prefere ficar “neutro” nessa guerra particular entre Brandão e Rocha.
“Eu fiz um acordo com o Carlos Brandão, que é o presidente, que só ele quem fala pelo partido. Para evitar especulações, eu acertei com ele que só ele falaria pelo partido porque ele ainda é o presidente do partido. Para mim, não chegou nenhuma informação oficializada. Está uma disputa entre o Roberto Rocha e ele. Estou deixando que eles dois decidam, deem opinião, falem com a imprensa. Vou ficar neutro nesse momento. Não quero fornecer nenhum juízo de valor. Vou esperar o desfecho final para, a partir daí, ver o que a gente vai fazer”, afirmou à reportagem.
O silêncio adotado dentro do PSDB pode ser entendido como uma maneira de tentar conter a crise interna do partido. Para alguns tucanos, a ida de Carlos Brandão a Brasília poderá causar uma nova “reviravolta”.
“Conversamos já duas vezes com o Brandão. Ele pediu para não falarmos nada. Ele, inclusive, deixou de ir numa viagem para o exterior, para ir a Brasília ver se resolve o problema. Ele pediu pra gente não conversar e esperar a volta dele. Estamos esperando a volta dele para ver o que ele nos diz. Pode haver uma reviravolta”, declarou o vereador Josué Pinheiro.
Sem rumo
O deputado estadual Marcos Caldas ainda não sabe qual será seu futuro: se fica ou se sai do PSDB. Sem citar a existência do pacto de silêncio, o parlamentar disse que a situação do Diretório Estadual está bastante complicada, o que o faz aguardar o desenrolar de todo o imbróglio interno.
Apesar de não confirmar sua saída caso Roberto Rocha permaneça na presidência, nas entrelinhas, o discurso de Caldas mostra que tende a deixar o ninho tucano se Brandão não retornar ao comando do partido.
“[Essa disputa] sempre enfraquece o partido. Uma disputa dessa não é boa para ninguém. Agora só nos resta aguardar para ver como fica. Não tenho uma relação assim com o Roberto. Falo com ele às vezes. Não tenho nada contra e nada a favor. A questão é que a gente tem que conversar. Eu nunca conversei com ele sobre o partido. Hoje, eu tenho como presidente do partido o Carlos Brandão, que é uma pessoa que a gente sempre conversa, discute”, disse.
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