O presidente do PSB no Maranhão, prefeito Luciano Leitoa se manifestou por meio do seu perfil no Facebook sobre a crise instalada no seu partido, e as especulações envolvendo o nome do senador Roberto Rocha.
Luciano Leitoa diz no texto que a não eleição de Rafael Leitoa a deputado estadual se deu pelo acordo em apoiar em Timon o hoje deputado federal Zé Reinaldo Tavares, com isso, os Leitoas ficaram impossibilitados de trocar apoio político com quaisquer candidato nas última eleições. “Como não há vitórias sem custos, coube ao nosso grupo político arcar com o ônus de sacrificar a candidatura de nosso grupo a deputado estadual que não obteve êxito por menos de três mil votos. Como ficamos impossibilitados de trocar apoio com quaisquer outros candidatos diante do compromisso com Roberto Rocha e Zé Reinaldo, amargamos a primeira suplência”.
Confira abaixo o texto na íntegra:
NÃO VAMOS DESISTIR DE CONSTRUIR
UM PSB DE TODOS
O Partido Socialista Brasileiro –
PSB surgiu em 1947 como uma alternativa ao Partido Trabalhista Brasileiro de
Getúlio Vargas e aos comunistas do antigo Partidão, o PCB. Criticavam nestas
organizações o culto excessivo à personalidade e a ausência de democracia
interna nestas organizações.
O respeito à democracia está,
portanto, na gênese da nossa instituição. Não por acaso, são convicções
inegociáveis do PSB o direito à divergência e incentivo ao debate interno. Com
efeito, buscamos transformar as estruturas da sociedade sob a égide
intransponível dos princípios democráticos.
Há 69 anos, estes foram os
alicerces que ampararam a criação do nosso partido, e hoje, como presidente
democraticamente eleito do PSB no Maranhão, busco homenagear nosso manifesto de
fundação e nossos fundadores, sendo intransigente na defesa desses ideais.
Tenho procurado, ao longo do
nosso mandato à frente do PSB, alimentar a democracia interna do partido
ouvindo nossas bases, dando espaço aos movimentos organizados e,
principalmente, buscando a construção coletiva de um partido que esteja a
serviço do nosso povo e de nossa sociedade, e jamais a reboque de um projeto
político pessoal.
Prova disto é que ao ser indicado
pelo presidente Eduardo Campos para assumir uma Comissão Executiva Provisória,
busquei ao lado de incontáveis e valorosos companheiros iniciar a reconstrução
do partido em nosso estado fortalecendo-o nas bases e ampliando sua
representatividade política. O resultado deste trabalho é um partido vitorioso,
que possui um diretório estadual eleito sob as regras estatutárias em um
congresso reconhecido pela Executiva Nacional.
Destaco, ainda, o fato de termos
obtidos 6,04% dos votos válidos para deputado federal nas eleições de 2014,
superando com folga a cláusula de barreira que exige um mínimo de 5% para um
estado pleitear o direito a organizar-se em diretório.
Assim, como membro da executiva
nacional e conhecedor do nosso partido, sei que não somos uma organização
cartorial. Ao contrário, somos frutos das lutas de nosso povo, da cidade e do
campo, e jamais atentaremos contra a democracia interna do PSB ou dos anseios
de sua base.
Desta forma, guiado pelos
fundamentos de nosso partido, busco colaborar com a consolidação do PSB em
nosso estado, mas, acima de tudo, fazer com que o PSB seja protagonista nas
transformações que o nosso estado e nosso povo reivindicam.
Diante do exposto, cabe me
manifestar sobre as especulações de que o PSB do Maranhão estaria na eminência
de uma intervenção a partir de articulações do senador Roberto Rocha em
Brasília.
Reconheço que é direito do
senador discordar de mim ou de qualquer outro militante de nosso partido.
Respeitando seu ponto de vista, é o meu dever trazer à reflexão alguns fatos
que o mandato de senador eventualmente tenha anuviado.
Após décadas de domínio da
família Sarney sobre o nosso estado e do traumático golpe sofrido pelo povo com
a cassação do governador Jackson Lago, o Maranhão enxergava a possibilidade de
se reencontrar com sua libertação através da eleição de Flávio Dino para o
cargo de governador nas últimas eleições.
Flávio não representava um
projeto pessoal ou partidário, mas um conjunto de valores alimentados por todos
nós que compúnhamos a oposição àquela oligarquia. Era consenso em nosso campo
político que para esta transformação dar-se verdadeiramente, deveríamos eleger
a chapa completa, ou seja, o governador e, pela primeira vez, um senador da
oposição.
É fato conhecido de todos que
naquele momento havia dois candidatos a senador para uma única vaga na chapa.
Eram eles Roberto Rocha e o ex-governador José Reinaldo Tavares.
Sintonizado com o propósito do
partido que oferecia, naquele momento, o nome de Eduardo Campos para presidente
da república, coube a mim, como presidente estadual do PSB, contribuir com a
construção coletiva de uma chapa competitiva em nível estadual e ainda
fortalecer nosso projeto nacional. Estava em jogo naquele momento, além da
unidade do nosso campo ou do mandato de senador, o sucesso de um projeto plural
e popular. Fazer com que todos compreendessem este momento talvez tenha sido o
maior desafio desta tarefa.
Diante do impasse de dois
candidatos para uma vaga fui orientado pelo presidente Eduardo Campos a
procurar o ex-governador Zé Reinaldo e sinalizei com o apoio do grupo político
que represento em Timon para sua candidatura a deputado federal. Da mesma
forma, o grupo político de Roberto Rocha o apoiaria para deputado em Balsas. Em
troca estaríamos todos comprometidos com a eleição de Roberto Rocha para
senador da república.
Profundo conhecedor da conjuntura
política do Maranhão e compreendendo aquele momento, o ex-governador abriu mão
da disputa pelo senado e, em comum acordo com o governador Eduardo Campos, Zé
Reinaldo candidatou-se a deputado federal.
Em Timon cumprimos com a nossa
parte e colaboramos com 18.533 votos ou 24,46% dos votos válidos em nosso
município, o que fez de Zé Reinaldo o primeiro colocado para o cargo de
deputado federal em nossa cidade.
Igualmente, ganharam as eleições
em Timon os nossos candidatos a governador, Flávio Dino, com 46.359 (64,98%),
e, para senador, Roberto Rocha, com 37.370 (54,68%), o que lhe deu uma margem
de mais de 10% acima de seu oponente direto.
Como não há vitórias sem custos,
coube ao nosso grupo político arcar com o ônus de sacrificar a candidatura de nosso
grupo a deputado estadual que não obteve êxito por menos de três mil votos.
Como ficamos impossibilitados de trocar apoio com quaisquer outros candidatos
diante do compromisso com Roberto Rocha e Zé Reinaldo, amargamos a primeira
suplência.
Nosso grupo, porém, não encarou
este percalço em nenhum momento como derrota. Ajudamos a eleger o governador e
o senador do Maranhão. Se este era o preço a se pagar pela libertação do nosso
estado, tínhamos cumprido nossa missão.
Tratam-se de fatos jamais
trazidos por mim ao conhecimento público porque acredito que estes gestos se
fazem no anonimato. À luz da sociedade deve estar nossa postura como homens
públicos, comprometidos com o triunfo do nosso povo e não com o êxito de
projetos pessoais de poder.
Neste sentido, reafirmando a
vocação democrática do PSB e confiando no respeito do senador às instâncias
democráticas do nosso partido, convido-o a dividir com o conjunto de nossas
bases quaisquer insatisfações ou críticas que tenha para com a nossa direção
estadual.
Não há ambiente mais propício
para se debater o partido e seus rumos do que ao lado de quem o constrói
verdadeiramente. Ao manter-se ausente do convívio partidário, de sua rotina e
dos seus espaços deliberativos, o senador abre mão, antes de um direito, de um
dever.
Diante da crise
político-institucional que o país vive, o PSB, respaldado por sua história, tem
a obrigação de oferecer à nação uma alternativa. Foi essa leitura que Eduardo
Campos fez ao aceitar candidatar-se a presidente do Brasil.
Em Timon, diante de milhares de
companheiros, dentre eles o próprio senador, Eduardo urgiu do nosso partido
manter-se fiel às suas origens e inspirações. Não por acaso, frase que encantou
o Brasil, afirmou que em seu governo “o senador Sarney seria oposição os 4 anos”.
Assim, respeitosamente, Convido-o
a participar da reunião do diretório estadual do partido no próximo sábado (30)
e, diante de dirigentes, militantes e movimentos organizados, exponha sua
posição e faça valer seu direito de discordar.
Democraticamente o ouvirei.
Saudações socialistas,
Luciano Leitoa
Presidente da Executiva Estadual
do PSB/MA
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO
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