Numa
recente pesquisa encomendada pelo Senado da República, a quase totalidade da
população (91%) opinou favorável à redução pela metade do atual número de Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores em todo o País.
Nestes
tempos de campanhas contra esse inconstitucional preconceito, que no Maranhão,
segundo os léxicos locais, se traduz apenas como qualiragem, a televisão, a
partir do Congresso Nacional, nos faz ver tanta coisa a nos tornar incrédulos
do que vemos.
Enquanto
se pretendia discutir na Câmara dos Deputados, em Brasília, a redução da
maioridade penal para 16 anos, o que, aliás, não passa de mais um estelionato legislativo
na boa fé dos brasileiros, adolescentes, supostamente em causa própria,
invadiram o plenário da Comissão gritando palavras de ordem, típicas dos
monitores de ideologias ultrapassadas, querendo impedir, e impediram, que os
Deputados votassem.
Senti
pena da Deputada, ativista dos direitos humanos, defensora ranheta dos direitos
dos meninos de rua, dos sem teto e dos sem terra, esgueirando-se da câmera da
TV ao mesmo tempo em que a repórter informava que dentre os adolescentes na arruaça
estava uma filha dela, o que Sua Excelência depois negou.
A
adolescência maior de 16 anos tem o direito constitucional ao voto facultativo.
Tem consciência de que pode ou não ser um bom governante ou representante, mas
não pode responder por nenhum crime pelo qual, em tese, possa ser acusada por não
ter, segundo muitos ideólogos, noção da gravidade do ato.
Esse
tema, penso eu, deve ainda render muito. Não está maduro para algum
posicionamento responsável. É importante que continue o debate.
Entrementes,
anuncia-se o acordo entre os dois maiores partidos - PMDB e PSDB. A redução da
maioridade penal alcançará os maiores de 16 anos, mas apenas nos crimes
hediondos. No mais, continuará valendo o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA!) com a ampliação de 3 para 10 anos do tempo de internação.
Ou
seja, busca-se apenas dar uma resposta sem conteúdo algum à sociedade. Mais uma
vez o erro, ao focar-se na consequência ignorando-se as causas do problema.
Sou
a favor do resgate da família como núcleo da sociedade, responsável pela
preservação e difusão de valores morais e princípios éticos e religiosos.
Nunca
se formará uma sociedade com bons cidadãos se não forem instruídos desde cedo por
escolas de qualidade e orientados, também desde cedo, a alguma formação
profissional.
Manter
um jovem na ociosidade, ou seja, desocupado, sem fazer nada, é deixar que lhe
circundem perigosamente todos os vícios. E depois, adeus, rosinha.
O
Rui Barbosa dizia que fechar escolas ou não abri-las é a maneira mais rápida de
produzir delinquentes e aí então ter de se construir cadeias, as quais seguem
sendo verdadeiras escolas do crime.
E
a ressocialização do criminoso que cumpre a pena? E a recuperação do menor aprisionado?
Do
SAM (Serviço de Assistência aos Menores) à FEBEM (Fundação do Menor) nada deu
certo até aqui. Sem falar na picaretagem sem conta que em nome da boa causa tomou
muito dinheiro, isso no tempo em que os cofres públicos eram incautos, apenas
incautos.
E
depois de toda intolerância explícita, ainda restou o sacrilégio de declamarem
a oração do Pai Nosso no Legislativo nacional de uma República
constitucionalmente laica, exatamente por acolher, respeitar e garantir o
direito de todos a qualquer religião.
A
diferença entre a primeira e a segunda arruaça foi que na primeira os
protagonistas foram garotas e garotos a serviço de organizações ideológicas
ultrapassadas, embora mantidas, em grande parte, pelo dinheiro público. Na
segunda, imaginas só, foram eles, os próprios Deputados!
Aquilo
não foi falta de decoro parlamentar?
Melhor
que não percamos nada do que está agendado para as celebrações do centenário de
nascimento do George Savalla, o nosso popular palhaço Carequinha - ele que, com
a sua arte, tanto ajudou o Brasil na formação dos bons meninos dos quais
resultaram muitos de nós.
-
O bom menino não faz xixi na cama / o bom menino respeita os mais velhos / e na
escola aprende sempre a lição / (...) o bom menino não faz má criação / papai
do céu protege o bom menino (...)
Tá
certo ou não tá? Ai,ai,ai, carrapato não tem pai. Hoje tem marmelada?
(Por Edson
Vidigal, Advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho
da Justiça Federal)
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