Auxiliares e
aliados do governador Flávio Dino queriam a extinção do Congep no governo de
Roseana Sarney, mas agora defendem a existência do "Conselhão"
Praticamente um ano depois de condenar a reativação,
pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), do Conselho de Gestão Estratégica das
Políticas Públicas do Governo (Congep), membros do grupo do governador Flávio
Dino (PCdoB) hoje fazem parte do chamado "Conselhão" e agora apoiam a
existência do colegiado, que paga a seus integrantes R$ 5.850,00 de jeton por
reunião.
Flávio Dino reuniu os membros do Congep na última semana; cada participante recebeu quase R$ 6 mil |
Em 2015, já ocorreram dois encontros, o mais recente
deles na quinta-feira da semana passada, 26, com a presença do governador e do
vice, Carlos Brandão (PSDB), e da maioria do secretariado.
As regras que regem as reuniões e o pagamento dos
jetons são praticamente as mesmas da gestão passada, com pequenas alterações
promovidas pelo novo governador, por Medida Provisória editada no dia 23 de
janeiro.
"Em termos de quantidade é exatamente o mesmo
número que ela [ex-governadora Roseana Sarney] deixou, sem aquele trem da
alegria. No final, depois ela reduziu. Ela acabou, depois retornou, com uma
estrutura bem enxuta. Ficou essa, nós não modificamos a quantidade de pessoas,
e nem o jeton foi modificado", garantiu o secretário chefe da Casa Civil,
Marcelo Tavares (PSB).
Além do socialista, outros dois dos mais árduos
críticos da existência do Conselho estão entre seus membros: o deputado estadual
Bira do Pindaré (PSB), atual secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior; e Márcio Jerry, secretário de Estado da Articulação Política e
Assuntos Federativos.
Junto com o deputado federal Rubens Júnior (PCdoB), o
trio comandou a linha de frente de ataques à ex-governadora pela recriação do
Congep. O comunista não integra o órgão.
Cruzada - A cruzada dos então oposicionistas
contra ao "Conselhão" começou em 2013. Oficialmente criado em 2004,
no governo José Reinaldo (PSB) - sob a denominação de Conselho de Gestão
Estratégica das Macropolíticas de Governo - o órgão colegiado virou Congep em
2007, no primeiro ano da gestão Jackson Lago.
Em 2013, a oposição reclamou do seu tamanho - contava,
então, com mais de 200 membros – e chegou a solicitar à Seccional Maranhense da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA) o ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
(Adin) para acabar com ele.
"Queremos propor inclusive a extinção do
Conselhão", defendeu Bira do Pindaré, em julho daquele ano, na tribuna da
Assembleia Legislativa.
Rubens Júnior classificou de "imoralidade" a
existência do colegiado. "Nós, deputados de oposição, demos entrada numa
representação para a OAB ajuizar uma Adin contra a imoralidade do 'Conselhão'",
defendeu Rubens Júnior (PC do B) naquela ocasião.
O valor do jeton e o fato de haver apenas uma reunião
por mês para recebimento de R$ 5.850,00 foi alvo de dura reprimenda por parte
de Marcelo Tavares. Para ele, "a voz das ruas" não aceitava que se
pagasse valor tão alto pela participação em apenas uma reunião.
"A voz das ruas não aceita esse tipo de coisa,
mas, mais do que isso, trabalhar uma vez por mês para ganhar R$ 6 mil, só no
Maranhão", reclamou o, agora, novo membro do Congep.
Bira do Pindaré também condenou o alto valor do jeton.
"Se não acaba o 'Conselhão', tem que acabar o jeton. Pode criar o conselho
que quiser, mas não precisa ter jeton de R$ 5.850 por mês para uma única
reunião, é uma imoralidade", declarou.
Naquele ano o Conselho foi então extinto, voltando a
ser criado em 2014, mais enxuto - com estrutura menor, até, do que a mantida
atualmente.
Discurso mudou
após posse
Alcançado pela reportagem de O Estado para comentar o
assunto, Marcelo Tavares nega que tenha defendido o fim do Conselho. Segundo
ele, a ex-oposição posicionou-se apenas contra o inchaço do órgão. "Nós
nunca dissemos que queríamos a extinção total do conselho, até porque ele foi criado,
salvo engano, no governo José Reinaldo. Então, nós nunca pedimos a extinção
completa do conselho", garantiu.
O discurso é parecido com o do secretário Márcio
Jerry. "Veja bem, nunca fomos contra o 'Conselhão', o que criticávamos era
o uso dessa ferramenta para se fazer política eleitoral", ressaltou.
Rubens Júnior admite que a oposição, à época, defendeu
o fim do conselho, mas não apenas isso. "Defendemos vários níveis de
intervenção: primeiro o fim do superinchaço; depois a eficiência do conselho,
que não servia para nada; se isso não fosse possível, o fim do pagamento de jeton;
e, por fim, em último caso, a sua extinção", relatou.
Mais. Duas alterações feitas por
Medida Provisória pelo governador Flávio Dino (PCdoB) à lei que instituiu o
Congep provocaram novo inchaço da estrutura. Até o fim do ano passado, apenas
secretários de Estado poderiam integrar o Conselho, agora, membro de
"cargos equivalentes" também podem. Além disso, o comunista incluiu
no texto a permissão para "profissionais de instituição pública ou
privada".
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