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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Conheça Mônica Moreira Lima, a desbocada do Maranhão

Amor & Sexo, da Globo, fala de temas eróticos com humor e informalidade. Mas nada se compara ao vocabulário nu e cru do programa regional Sem Vergonha

Revista Veja

É hora do rush em São Luís, no Maranhão, e a morena de 1,75 metro caça entrevistados num ponto de ônibus. Ela aborda as pessoas sem nem um “com licença” e já sai perguntando sobre o tema do dia — não muito agradável: era a semana dedicada à prevenção do câncer de próstata. “Tenho medo de me viciar”, responde um taxista gaiato quando a repórter pergunta sobre o exame proctológico. Duas senhoras de idade observam o tumulto a uma distância cautelosa. “É aquele programa da noite, Só Sacanagem”, diz uma delas. A outra corrige: “Não. O nome é Sem Vergonha”. Não haveria título mais exato para essa atração regional. No Sem Vergonha, a jornalista maranhense Mônica Moreira Lima conversa sobre sexo, todas as noites de sexta-feira, na TV Guará, retransmissora da Record News, com linguagem desabusada e atitude para lá de liberal. Uma espectadora pergunta, por e-mail, se de bicicleta também se chega ao êxtase, e Mônica logo assume a linha “vale tudo pra chegar lá”, recomendando brinquedinhos ou, na falta deles, certos legumes. “O importante é ter prazer. Até banco de bicicleta, sim: você pode entrar em forma e ainda manter sua satisfação sexual em dia.” Isso é que é cicloativismo!
Tirada apimentada: “Recomendo fazer o teste da manga com o cabra antes de marcar encontro com ele. Ofereça a fruta e veja como ele come. Se pedir garfo e faca, ele é monoglota: fraco em linguagem sexual”
“Não sou sexóloga. Minha única referência são 31 anos de ****”, diz Mônica (como ela tem 46, sabe-se que se iniciou no tema com 15). A apresentadora explica que a linguagem mais do que franca tem a ver com sua personalidade: “O romantismo me *****. Gosto da fuleiragem”. Durante nove anos, Mônica foi repórter e apresentadora de jornais locais na TV Mirante, da família Sarney, afiliada da Globo. Abandonou o posto, descontente com o salário de 2 000 reais, mas ainda elogia o antigo patrão: “José Sarney é amigo da família. Um tio meu pegava carona em seu avião quando ia para Brasília”. Há dois anos na Guará, Mônica começou falando de política. Mas o empresário Roberto Albuquerque, proprietário da emissora, achou o tom de Mônica muito parcial (no pleito deste ano, ela torceu pelo comunista Flávio Dino, que acabou eleito governador). Surgiu então a ideia de ela se dedicar a temas menos escandalosos que a política. Albuquerque deu a ela uma referência: Marta Suplicy, que antes da carreira política teve um programa de sexo na Globo. Em fevereiro deste ano, surgia o Sem Vergonha. No CQC, da Bandeirantes, o quadro Top Five, catadão de momentos pitorescos da TV do Brasil, já levou as tiradas de Mônica ao ar três vezes. Na mais famosa, ela gentilmente convida as espectadoras a abandonar o temor do sexo por vias não convencionais: “Essa mulherada tá economizando essas ****** pra quê?”. Diz Albuquerque: “Criei um monstro”.

Uma atitude desassombrada e irreverente é fundamental para quem conduz programas de sexo. A canadense octogenária Sue Johanson empolgava ao falar com autoridade e naturalidade sobre práticas sexuais, mas sempre chamando as coisas pelo nome de família: pênis, vagina etc. Atualmente no ar pela Globo, Amor & Sexo é mais informal, mas nem de longe tão explícito quanto Sem Vergonha. Com uma bancada entrosada (excetuando-se Otaviano Costa, que soa sempre desesperado para aparecer), o programa de Fernanda Lima já está em sua oitava temporada. As diferenças entre as duas sexólogas improvisadas não são só de estilo: Fernanda ganha sessenta vezes o salário de Mônica, que complementa os proventos da TV com um programa de rádio e trabalhos de assessoria de imprensa. Aliás, não convém citar o nome de Fernanda Lima perto da maranhense: “Tanto investimento para um programa superficial. Ela canta e se veste de perereca (o batráquio, deixe-se claro). Ridículo”, desdenha.

Embora a carreira de conselheira erótica televisiva seja recente, Mônica sempre gostou do assunto: “Quando criança, media o ***** dos meus primos e os peitos das minhas amigas”. Diz que seus três filhos têm acesso à lista na qual anota o nome e as características (aquelas que interessam, ao menos) de todos os homens (não, nenhuma experiência gay) com quem já teve sexo. Com Sem Vergonha, ela descobriu um público ousado, que lhe manda fotos tão explícitas quanto a linguagem do programa. “Uma loucura. Mandam cantada, pedido de casamento e fotos de **** e ****” (os asteriscos aqui encobrem dois termos sinônimos para a mesma porção masculina). Casamento não está no horizonte: Mônica diz que há dezesseis anos não tem um parceiro firme. Recorre a um eventual P.A. (a sigla é típica do vocabulário da jornalista; A quer dizer “amigo” e P é o que se adivinha). Tem também sua coleção de brinquedinhos — o favorito tem regulagem com controle remoto, e ela o usa na balada, enquanto dança e “sensualiza”. Ah, sim: de vez em quando, ela vai de bicicleta para o trabalho.


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