Não apenas pela separação do comando de Roseana Sarney, que completa em uma jornada de 12 anos intercalados à frente do Palácio dos Leões, como também pode colocar em seu lugar um filiado ao PCdoB, partido que, apesar dos 93 anos de fundação, nunca elegeu um governador.
Uma eleição histórica. A eleição deste domingo aponta para um marco histórico no Maranhão. Não apenas pela separação do comando de Roseana Sarney, que completa em uma jornada de 12 anos intercalados à frente do Palácio dos Leões, como também pode colocar em seu lugar um filiado ao PCdoB, partido que, apesar dos 93 anos de fundação, nunca elegeu um governador. Como Roseana representa a espinha dorsal do sarneísmo, Flávio Dino aglutinou toda a oposição com força eleitoral em torno de si, para promover o que chama de “governo da mudança”.
Essa provável troca de comando no Palácio dos Leões do PMDB para o PCdoB só não é mais radical porque o partido do candidato líder nas pesquisas já estevem, no primeiro e no segundo governo Roseana Sarney (1995/2002) fazendo parte de sua composição. Mas nesse período, nem Dino o integrava. Somado a isso, do grupo que se acercou de Flávio Dino em 2014, muitos são desertores do grupo Sarney no passado e no presente. Mas Flávio Dino tem dito que ele “é o líder” e que não fez aliança em troca de cargos e nem fará um governo patrimonialista e familiar.
Já o peemedebista Lobão Filho entrou a disputa do governo, no vácuo da desistência do ex-secretário da Infraestrutura, Luís Fernando Silva, que ficou “candidato” até o dia da desincompatibilização, em abril último. Ele, aliás, substituiu o deputado Max Barros na mesma pasta por falta de força na “decolagem” em 2013, enquanto Flávio Dino já navegava em céu de brigadeiro desde 2010, quando perdeu para Roseana no primeiro turno, mas não saiu do rumo do projeto de 2014.
Foi como esse objetivo que assumiu o comando da oposição maranhense e escolheu, por conta e risco, o candidato Edivaldo Júnior em 2012, de um chamado “consórcio” de quatro nomes que peitariam o então prefeito de São Luís, João Castelo, do PSDB. Edivaldo derrotou Castelo que, por sua vez, passou uma borracha no passado recente, ao aceitar, por imposição do presidente nacional, Aécio Neves, a coligação do PSDB com o PCdoB de Flávio Dino.
Hoje, a introdução dessa história pode ser contada, logo mais à noite, como a derrocada do ciclo sarneísta, iniciado em 1965, quando José Sarney derrotou, com ampla maioria de voto e de aliados, os 22 anos de vitorinismo. As pesquisas dão uma vitória tranquila no primeiro turno, embora Lobão Filho, que nunca falou em sarneísmo na campanha, acredite que levará o jogo para o dia 26 de outubro. Vale destacar que a proposta de “plebiscitar” o pleito – da oposição contra Sarney – impediu até o surgimento de uma terceira via no páreo, com potencial real de dar alternativa ao eleitor.
O senador José Sarney viu-se diante de uma encruzilhada construída a partir do próprio governo da filha. Como o grupo não preparou a tempo um candidato para entrar na disputa de 2014 com potencial de superar a corrosão do sarneísmo como “instituição” em cinco décadas de poder, acabou aprontando sucessivas trapalhadas que só ajudaram a fortalecer Flávio Dino. Quando tentou montar um complicado quebra-cabeça com o vice-governador petista Washington Oliveira, retirando-o da linha sucessória em troca de um emprego vitalício no Tribunal de Contas do Estado, Roseana se embaraçou no arremate da jogada.
Faltou, porém, Roseana combinar com o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, o novo vice, qual era o seu plano. Ela, de fato, pretendia sair para disputar o Senado, desde que o novo vice também abrisse mão do cargo de governador. Assim, estaria aberta a possibilidade de uma eleição indireta na Assembleia, para colocar Luís Fernando no Palácio dos Leões, e, no cargo, disputar o governo. (O Imparcial)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários não representam a opinião deste blog. Os comentários anônimos não serão liberados. Envie sugestões e informações para: blogdoludwigalmeida@gmail.com