Motivos para novas e mais fortes emoções daquelas que nem placas luminosas acionadas a gás neon conseguem anunciar não irão faltar quando muito nos primórdios das próximas semanas.
Lembra-te do Alberto, o doleiro que a Polícia Federal prendeu num hotel próximo à casa de veraneio da praia de S. Marcos, sim, em São Luís do Maranhão?
Alberto fechou com o Juiz da Operação Lava Jato o acordo que muitos e muitos, incluindo uns daqui destas paragens, tanto temiam.
Em troca de uma sentença condenatória maneirada, o Alberto topou contar tudo, mas tudinho mesmo, do que sabe, do que fez e com quem andou fazendo os malfeitos, os quais até onde se sabe ultrapassam a 10 bilhões de reais entre desvios e propinas.
Do que as investigações concluíram até aqui, altas somas daqueles bilhões de reais foram repartidas entre três partidos da chamada base de sustentação do Governo da Presidente Dilma no Congresso – o PP (Partido Progressista), o PT (Partido dos Trabalhadores) e o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).
Tudo indica não ser mera coincidência que os três partidos cevados com os milhões de reais arrebanhados por Alberto sejam os mesmos da coligação governista nas eleições nacionais e estaduais.
O PP, filho do PDS, é neto da Arena (lembras?). Evolução das espécies...
O PMDB segue sendo não um partido com unidade programática, embora unido, sim, pela mesma fome de cargos públicos e tudo mais a que a fisiologia politica e o clientelismo eleitoreiro se podem permitir. No dizer Jânio, “uma velha arca de Noé, sem Noé”.
E o PT? Cansado de guerras, ao contrário do Abelardo, já nem diz mais – “alô, alô,Tereziiiinha!”. O PT que nem o Chacrinha, não está aí para explicar, mas para confundir.
Achando que o Maranhão terá também o seu muro de Berlim, não são poucos os que já demandam para o outro lado. Quem sempre comeu e bebeu á custa de Governo e não estando doido e vendo o Ancien Régime se desmiolar, espera ainda o que, siô?
No lançamento da pedra fundamental da Refinaria de Bacabinha, ao ensejo das ultimas eleições nacionais e estaduais, as de 04 anos atrás, afora o Lula e a Dilma, a figura mais assediada era exatamente o Diretor de Abastecimento (olha que coincidência) da Petrobrás, Paulo Roberto.
Era um Dr. Paulo pra cá, um Dr. Paulo pra lá. Só o Lula se permitia a uma natural intimidade – Paulinho! A Dilma, que o chefiara no Conselho de Administração da Petrobrás, meio estranha no ninho, quase encabulada e discreta, mas sem perder a superioridade, resumia no seu tom grave saído de pulmões pervertidos às escondidas pela nicotina – Paulo.
Lá para as tantas, garantidos por um aparato enorme de segurança, dirigiram-se à cova, melhor dizendo, ao buraco onde seria enterrada a pedra fundamental. Mais parecia um despacho de encruzilhada, eis que continha até exemplar da edição daquele dia do diário oficial do grupo ao qual a turma do vitupério chama inapropriadamente de oligarquia.
Como nas ultimas homenagens a um ilustre morto, cada um jogou sobre a cova a sua mãozinha de terra. Não me contaram se alguém se lembrou de puxar os acordes do que temos de mais real na letra do Hino – “Expulsaste o flamengo aventureiro... / Maranhão, Maranhão, berço de Herodes...”
E assim, enterrada mais uma caveira de burro, não tardou a conta do muito em troca do nada, ou do quase nada – 01 bilhão e 600 milhões de reais. Para nada. Ou quase nada.
Quando o Paulinho, lá para trás mente, ameaçou dizendo que se fosse falar tudo não haveria nem eleição, apostam uns, que ele quis dizer reeleição.
Depois das falas do Paulinho, que tanta coisa ainda tem a falar, vamos saber agora também o que mais vai dizer o Alberto Youssef, o homem dos 10 bilhões de reais.
(Por Edson Vidigal é advogado, ex-vereador de Caxias, ex-deputado federal, professor e ministro aposentado do STJ)
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