O prefeito de Timon, Luciano Leitoa (PSB) usou seu perfil no facebook para se pronunciar oficialmente sobre a polêmica gerada em torno da foto publicada por ele durante o velório do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos na última quarta-feira(13). A foto publicada por Luciano Leitoa no seu facebook mostra ele na companhia de seu pai, Chico Leitoa em meio uma multidão de pessoas em Recife (PE) dando o último adeus ao pernambuco ilustre, Eduardo Campos.
Leia abaixo a íntegra do texto publicado pelo prefeito Luciano Leitoa na manhã de hoje:
Amigos, Eduardo Campos era para mim mais que um político, era um companheiro que conheci há mais de 10 anos, um colega com quem construí uma boa relação de amizade e que esteve presente em todas as campanhas de que participei depois de 2002.
Sei que o que ele falou primeiramente em Timon e repercutiu no Brasil incomodou muita gente da política brasileira, principalmente no Maranhão, quando disse respeitar o presidente Sarney, mas que no governo dele o Sarney seria “oposição os quatro anos".
Também não tenho nada pessoal contra o presidente Sarney, mas não posso aceitar que tanto poder acumulado por tão longo tempo tenha resultado nos péssimos índices que nosso estado apresenta e no modelo de gestão do poder que foi implantado pelo seu grupo político.
O Maranhão já teve um Presidente da República, teve também vários ministros e o Estado só conseguiu alguns avanços sociais dignos de nota quando teve governantes que não eram aliados ao grupo Sarney, como Zé Reinaldo e Jackson Lago, criminosamente desrespeitado numa cassação que afrontou a soberania popular.
Sei que neste momento muitos aliados do grupo Sarney se angustiam por saber que irão perder as eleições para o Governo e esquecem de alguns princípios que vão além da política. Talvez nem saibam o que são princípios. Quando Eduardo dizia "temos que vencer a velha política" se referia, entre tantas coisas a essa visão ultrapassada de tentar, com manipulações, desqualificar as pessoas sem enfrentar as suas ideias.
Muitos companheiros e pessoas de bem, que me conhecem e conhecem meu pai, sabem o respeito e consideração que temos e sempre teremos pelo Eduardo Campos, o único político nacional que conhecia de fato Timon e prezava por nossa cidade. Ele comungava de nossa posição, pois sempre respeitei o grupo Sarney e jamais o combati, ou à sua filha governadora, no plano pessoal. Mas nosso grupo em Timon é um dos únicos no Maranhão que nunca foi aliado, o que nos custou muitos anos de solitária e perseverante ação política. Lembro que já houve eleição para governador em que o grupo Sarney contava com 215 prefeitos aliados e a oposição com apenas dois: Jackson Lago em São Luis e Chico Leitoa em Timon. É preciso coragem política e forte base de princípios para sustentar uma posição de tamanho desequilíbrio de forças.
A foto que tirei com meu pai em Recife, e que está sendo usada nas redes sociais para nos criticar, tem muito mais importância do que um simples registro fotográfico. Quis assinalar o momento em que saímos do local onde estava sendo velado o corpo de nosso amigo, como um gesto de despedida e um memorial de uma experiência que jamais sonhei em viver e que representa o mais duro golpe pessoal na minha vida política.
Ela tem para mim o sentido de uma despedida de nossa família para aquele que representou para nós um ideal e um farol nas ações de nossa vida. Vi meu pai, atrás de mim, vergado de dor, e vi a multidão mais atrás, transformando o sofrimento em centelha de esperança. Os olhos marejados, o sentimento de orfandade dos pernambucanos, só quem esteve lá pode ter a dimensão da comunhão de sentimentos que brotavam à flor da pele. Fiz o registro, que a insensibilidade de alguns tenta usar em proveito político. Não bastasse a dor da perda, é necessário a afronta da maledicência. Assim, infelizmente, é a nossa velha política.
Sei que muitos ainda se incomodam com o que ele disse sobre Sarney ir para a oposição e muitos não engolem o fato de Marina poder ser a próxima presidente, pelo PSB, nosso partido. Tem coisas que não sabemos explicar e não entendemos os motivos, mas se analisarmos os fatos veremos que:
1- Marina não conseguiu criar o seu partido e foi para o PSB. Ainda me lembro quando um dia antes troquei mensagens com Eduardo que queria saber dos presidentes estaduais o que achavam e eu respondi que seria muito bom se ela pudesse ser a vice. Ainda guardo os registros dessa conversa que, depois soube, convergiu com a opinião de dirigentes partidários em todo o país.
2- em toda a história do Brasil, nunca houve uma campanha com material gráfico que desse tamanho destaque ao vice, como tínhamos o nome de Marina, registrado até na música.
3- O que mais Eduardo queria era ter a oportunidade de ser sabatinado no Jornal Nacional e lá ele acabou fazendo seu testamento político.
4- Eduardo era ainda pouco conhecido, e seu poder de convencimento e a convicção que passava em sua fala, com a alma exposta no olhar, o levariam naturalmente a outros patamares na campanha. Logo as pessoas enxergariam além de seus olhos, para o político e administrador estadual que saiu com 90% de aprovação e foi reeleito governador com 82,7 % dos votos de Pernambuco. Infelizmente o Brasil tomou conhecimento de sua dimensão, e do projeto alternativo que ele formulou para o país, apenas após o voo fatídico.
A dimensão de sua biografia, que iria ser exposta nos próximos 50 dias de campanha, foram condensadas nos três dias de espanto e luto. De todo o país e do exterior, as homenagens revelaram a sua estatura moral e política que mesmo os adversários tiveram que reconhecer.
Restam ainda dúvidas sobre o acidente, tão imprevisível, tão impressionante como o fato do avião ter caído em uma cidade grande, em perímetro urbano, sem ter feito uma única vítima em terra.
Fiquei em choque, não quis acreditar, ninguém queria, fui a Pernambuco movido por um sentimento de perplexidade e irresignação, até pela convivência que tivemos, não ficaria em paz comigo mesmo se eu não fosse me despedir dele, pelo menos tocar no caixão, rever os amigos, sentir e compartilhar com tantos companheiros do Brasil inteiro. Eduardo se foi de corpo, mas suas ideias continuam e sempre continuarão vivas.
Cada um de nós, na cerimônia fúnebre, e nas palavras de sua esposa, Renata, alicerçou a convicção de que o projeto de Eduardo vive, dentro de cada companheiro e continuaremos seu projeto que fará do PSB o grande protagonista das mudanças que o Brasil precisa.
"NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL"
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