Em depoimento, Miranda alegou que ofereceram R$ 10 milhões para ele assumir o crime
Imirante
SÃO LUÍS - Na tarde desta segunda-feira (3), José de Alencar Miranda Carvalho prestou depoimento à Justiça no Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau, por suposto envolvimento na morte do jornalista Décio Sá. Miranda é acusado pelo Ministério Público por formação de quadrilha e homicídio. Em depoimento, ao juiz Márcio Castro Brandão, da 1ª vara do júri de São Luís, ao promotor Luis Carlos Duarte e aos advogados dos outros acusados, o Miranda alegou receber apenas um salário mínimo como comerciante e que, com a venda de galinhas e gados de uma fazenda, ele tem renda mensal de aproximadamente de R$ 3 mil reais. Miranda disse que o acusam de ser agiota, mas essa acusação é descabida. "Como eu posso ser agiota se eu não tenho muito dinheiro? O que tenho é mal para me sustentar", questionou.
Ao ser perguntado sobre seu conhecimento a respeito de Décio Sá, o depoente afirmou que nunca havia ouvido falar sobre o jornalista nem que ele tinha um blog, no qual havia referencias de seu envolvimento com agiotagem e com o assassinato do empresário Fábio Brasil. E que só soube da morte dele por meio da televisão e por um comentário do seu filho Gláucio de que um jornalista teria sido assassinado.
José Alencar contou, ainda, que uns cinco meses antes da morte de Fábio Brasil, Gláucio ligou para ele para ir até sua casa no Calhau participar de uma reunião. Chegando lá estavam presentes, Fábio Brasil, sua esposa, os policiais Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros, além de Gláucio. Na ocasião, Miranda afirma que soube que Fábio Brasil devia R$ 70 mil para Gláucio e que havia informações de que Fábio tinha mandado matar Gláucio por conta da dívida. Miranda alega que na época falou com Fábio sobre o assunto e ele negou dizendo que jamais faria isso com Gláucio, pois o mesmo era seu amigo, e era a ele quem recorria quando precisava de alguma ajuda. Miranda afirma, ainda, que pediu ao filho que perdoasse a dívida. “Eu falei pro Gláucio pra ele perdoar essa ‘mixaria’, pois não valia à pena ficar brigando por causa disso, e ele perdoou".
Ao ser questionado sobre ter oferecido R$ 100 mil para matarem Fábio Brasil, Miranda declarou que jamais ia fazer uma coisa dessas, primeiro porque não tinha dinheiro e segundo porque a dívida dele já havia sido perdoada. E que Fábio devia muita gente, além de Gláucio.
Miranda disse que o filho não conversava com ele sobre assuntos de trabalho e, portanto desconhece o envolvimento dele com Júnior Bolinha, ou com Décio Sá. Além disso, Miranda afirmou que só conhecia Fábio Brasil, a mulher dele Patrícia Gracielle, Ronaldo Ribeiro e os policiais Durans e Alcides. Alcides ele afirmou conhecer há 35 anos, pois dois primos dele trabalharam com Miranda. Quanto aos outros suspeitos ele disse não conhecer nenhum.
Cobrador agressivo
O juiz perguntou à Miranda se era verdade que ele cobrava dívidas de forma agressiva. O depoente alegou que não, mas confessou já ter cobrado algumas dívidas do filho, mas que sempre foi calmo e que só fez cobranças poucas vezes.
Ao ser questionado sobre uma ligação ao Disque-denúncia sedo acusado de estar envolvido na morte de Décio, Miranda disse que quem denunciou estava mentindo e tem muita coisa errada por trás do crime de Décio. "Os boatos que espalham por aí são de que tem gente forte por trás de tudo isso. Nós somos os mais fracos", alegou.
Outra afirmação de Miranda é que um advogado teria oferecido R$ 10 milhões para Gláucio, para que José de Alencar assumisse toda a responsabilidade pela morte de Décio, pois Miranda já estava velho e no fim dos dias. Miranda afirma que Gláucio negou a oferta e que nunca faria algo assim para o pai, pois era tudo pra ele. A proposta foi feita, segundo Alencar, no início das investigações, quando ele estava no Corpo de Bombeiros. Gláucio também falou da oferta em depoimento nesta segunda-feira. Miranda não quis dizer o nome do advogado, pois teria medo de ser assassinado.
Ao final do depoimento, Miranda disse que sua saúde estava comprometida e que estava triste por ter o pedido de prisão domiciliar negado. Afirmou, ainda, que não se sente seguro no Quartel da Polícia Militar onde está preso há mais de 11 meses. E finalizou dizendo que "tenho fé em Deus, que vocês serão iluminados e vão chegar à verdade sobre esses fatos".
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