Com Forte esquema de segurança, Júnior Bolinha, deixa o Forum desembargador Sarney Costa após o 3° dia de depoimentos |
O terceiro dia de oitivas sobre o
processo que apura o assassinato do jornalista Décio Sá foi marcado por muitas
revelações, principalmente sobre a participação de José Raimundo Charles Sales
Júnior, o Júnior Bolinha e dos demais acusados no crime que chocou o Maranhão
em abril de 2012 na Avenida Litorânea.
Foi a primeira vez que o acusado
Júnior Bolinha esteve presente para acompanhar os depoimentos. Ele não quis
participar dos outros depoimentos, mas um fator preponderante fez com que
participasse do terceiro dia de oitivas: uma testemunha que o colocava junto
aos demais acusados.
Segundo Samara Braúna, advogada de
Bolinha, a defesa entendeu que era essencial que seu cliente se fizesse
presente para afastar de vez qualquer envolvimento dele no caso. “Ele fez
questão de vir acompanhar o depoimento deste terceiro dia porque uma testemunha
disse que o reconheceu num determinado local e a gente achou importante fazer
esse reconhecimento. Antes ele não teve interesse e nem motivos para participar
dos outros depoimentos”, relatou a advogada.
No entanto a estratégia não saiu do
jeito que imaginou a defesa. No único depoimento colhido na tarde de ontem, uma
mulher, vizinha da casa alugada por familiares de Fábio Aurélio do Lago e
Silva, o Fábio Bochecha, no Parque dos Nobres, revelou ter presenciado inúmeras
reuniões na residência e confirmou que estes encontros eram marcados sempre
pela presença do assassino confesso Jhonatan Silva e dos acusados de serem os
mandantes do crime o empresário Gláucio Alencar, o pai dele José de Alencar
Miranda, assim como o próprio Bochecha e o Júnior Bolinha.
Medo no depoimento
A exemplo do que foi visto ontem de
manhã, quando uma das testemunhas pediu que os acusados fossem retirados da
sala por se sentir intimidada e com medo de represálias da quadrilha formada
pelos acusados, a mulher, que reconheceu grande parte dos envolvidos no crime,
preferiu esconder o rosto com uma máscara antes de entrar no salão do júri.
Segundo o depoimento prestado pela jovem, horas antes da execução do jornalista
todos os citados foram vistos na casa localizada no Parque dos Nobres, onde
permaneceram durante algum tempo até se separarem.
Para o promotor de Justiça da 1ª
Promotoria do Tribunal do Júri do caso, Luís Carlos Correa Duarte, o
reconhecimento feito pela jovem fortalece todo o processo probatório que também
indica os acusados como participantes do plano de execução da quadrilha.
“Ele (Júnior Bolinha) foi
reconhecido, mas esse reconhecimento é feito também por todo o processo
probatório e não tem como não dizer que não era ele, pois inúmeras testemunhas
o reconheceram”, esclareceu.
Luis Carlos também falou sobre o
receio das testemunhas e a situação de insegurança que essas pessoas têm
vivenciado. Em sua observação, apesar do medo o Ministério Público se sentiu
satisfeito com as revelações. “O medo delas é natural. Vivem com suas famílias
e estão lidando com um ou dois criminosos, mas sim de um bando, uma quadrilha.
Então elas ficam temerosas pela situação e até mesmo das famílias”,
acrescentou.
70% das instruções
Na análise do Ministério Público mais
de 70% das testemunhas foram ouvidas, fato que colabora com o andamento do
processo e, principalmente com a triagem realizada pelo órgão. Segundo Luis
Carlos isso facilita o trabalho do MP que segue na formação de provas capazes
de responsabilizar todos os envolvidos. “Para a alegria do MP o processo está
andando. Nós estamos ouvindo as testemunhas, fazendo a instrução e tudo isso
vai desaguar justamente na responsabilização dos acusados e no findar do
processo. Conseguimos ouvir 70% das testemunhas e isso colabora para que o
processo tenha fim e para que o MP possa fazer a triagem necessária”, afirmou.
Como ocorreu nos dias anteriores
novas testemunhas foram dispensadas pelo Ministério Público sob a mesma
justificativa “Não precisamos de três ou quatro depoimentos iguais”, pura
questão de celeridade processual.
Terceiro dia de depoimentos
No total seis pessoas depuseram. O
primeiro a ser ouvido sobre a morte do jornalista foi um empresário do ramo
automobilístico, citado no processo por ter relacionamento com prefeitos que
estariam envolvidos com agiotagem. O empresário pediu que os acusados saíssem
da sala durante o seu depoimento, para depois afirmar que não conhecia nenhum
dos envolvidos no crime e nem o jornalista Décio.
A segunda testemunha foi uma
funcionária pública, que mora em uma casa pertencente à mãe de Fábio Aurélio do
Lago e Silva, o "Fábio Bochecha". A funcionária afirmou que viu
várias pessoas frequentando a casa da mãe de Fábio, entre eles Jhonatam e o
próprio Bochecha.
A terceira testemunha foi a irmã de
Marcos Bruno, suspeito de ser o motoqueiro que deu fuga à Jhonatan após ele ter
matado Décio Sá, e ex-companheira de Shirliano Graciano, também arrolado no
processo e que está foragido. A mulher apenas confirmou sua relação com os
acusados e foi dispensada.
A testemunha seguinte foi um
vigilante que prestava serviços a Gláucio Alencar. Ele afirmou que presenciou
uma discussão entre o empresário e uma outra pessoa, que ele não soube
identificar.
A última testemunha da manhã foi uma
professora que teria comprado a moto utilizada no dia da morte do jornalista.
Ela afirmou que deu a moto ao seu irmão, e que esse repassou o veículo para uma
terceira pessoa, que ela não conhecia.
(O Imparcial)
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