Do Último Segundo
A Polícia Federal vai investigar a onda de boatos que percorreu vários estados de que o Bolsa Família seria encerrado. Desde sábado, 18, o rumor de que o programa de transferência de renda seria finalizado levou milhares de beneficiários a procurar a Caixa Econômica Federal para sacar o benefício deste mês.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, negou a possibilidade de suspensão dos benefícios e garantiu que o calendário de pagamentos continua em vigor. Ela orientou que as famílias sigam as datas estabelecidas no calendário, entregue anualmente.
Questionada se a origem do boato poderia ter alguma motivação política, Campello afirmou que "não adianta tentar antecipar" e que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que a PF já iniciou a investigação da prática de crime no episódio. "Esperamos que tenha sido um mal entendido. Eu não consigo entender o que alguém ganharia divulgando esse tipo de informação. O Bolsa Família está consolidado, é um programa de sucesso."
A corrida ao banco aconteceu principalmente nas capitais do Nordeste, além de algumas do Norte e no Rio de Janeiro.
Agências depredadas no Maranhão
Cinco postos de autoatendimento da Caixa Econômica Federal em São Luís e outros quatro no interior do Maranhão foram invadidas e depredadas por inscritos no Bolsa Família quando o boato se alastrou pelo estado. Segundo o superintendente da Caixa no estado, Hélio Duranti, o tumulto começou no interior , na cidade de Santa Rita, localizada a 81 quilômetros da capital e chegou à São Luís no início da noite do sábado.
Foram registrados tumultos nas agências da Cohab, São Francisco, Centro e até num dos bairros nobres da capital maranhense - o Renascença. Na agência do São Francisco, testemunhas disseram que as pessoas chegaram em dezenas de motos e carros, arrebentaram uma das portas de vidro e passaram a depredar os caixas eletrônicos. A agência de Barreirinhas, no litoral, também foi destruída.
Um dos possíveis motivos para as invasões teria sido o fim do dinheiro disponível nos caixas eletrônicos do banco, somado ao atraso da liberação dos recursos do programa federal e ao boato da extinção do Bolsa Família. "Há dinheiro disponível. A situação (do atraso da liberação dos recursos do Bolsa Família) foi normalizada, mas muita gente procurou os caixas eletrônicos ao mesmo tempo e o dinheiro acabou. Quem chegou depois, não encontrou, ficou revoltado e quebrou os caixas", afirmou o superintendente da Caixa no estado, Hélio Duranti. O prejuízo não foi revelado.
Tumulto no Rio
Segundo informações da assessoria da Caixa Econômica Federal, problemas foram registrados nas agências dos municípios de Queimados, Belfort Roxo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em alguns bairros da capital, como São Cristóvão, Largo do Bicão e Bonsucesso. Também houve tumulto em Campos dos Goytacazes, depredações em agências de Queimados e Nova Iguaçu e a Polícia Miliatra precisou ser chamada para conter o tumulto em uma agência em Campos.
Apesar do desmentindo, a Caixa informou que vários beneficiários ainda estão tentando sacar o dinheiro do programa em agências na capital fluminense neste domingo. Para evitar novas confusões, os gerentes foram deslocados para os locais para informar à população que o cronograma de pagamentos do programa segue normalmente.
Filas em Pernambuco
As agências da Caixa Econômica dos municípios do Recife e região metropolitana lotaram neste domingo (19), diante do boato de suspensão do Bolsa Família. "As pessoas se desesperaram e correram para as agências para sacar o recurso do programa temendo perder", afirmou o superintendente regional da Caixa, Paulo Nery.
Segundo ele, a vigilância foi reforçada nos locais onde o acesso das pessoas foi muito grande para evitar depredação. Em Petrolina, no sertão, Nery informou que uma agência ficou sem dinheiro, diante da procura. Na agência Teatro Marrocos, na área central do Recife, havia pelo menos 70 pessoas buscando o autoatendimento, na tarde deste domingo. Até às 17 horas, não havia registro de violência nas agências.
Dados parciais da Caixa e do ministério, atualizados ontem, apontam o Ceará como o Estado mais prejudicado, onde 34 agências tiveram problemas. Lá estão mais de um milhão das 13,8 milhões de famílias atendidas pelo programa no País.
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