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terça-feira, 19 de março de 2013

Timon: Enquanto a saúde do Maranhão gastou quase R$ 4 milhões com diárias, hospital regional funciona precariamente

Em 2012 a secretaria estadual de Saúde gastou R$ 3.857.097,30

Do jornal Tribuna do Maranhão

Com uma população de aproximadamente 160 mil habitantes, Timon (MA) é a quarta maior cidade do estado, mas esse fato em nada contribui para que receba do governo estadual a atenção que merece, especialmente no que diz respeito aos investimentos em saúde pública.
Entrada principal isolada
Levando-se em conta o tamanho da cidade, sua população e o fato de ser um município-polo, que recebe pacientes de municípios vizinhos, os recursos destinados ao atendimento de saúde em Timon não garantem o bom funcionamento da rede de saúde pública.

A prefeitura recebe R$ 1 milhão e 300 mil, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), R$ 1 milhão, e o Hospital Regional apenas R$ 700 mil, totalizando R$ 3 milhões. Houve uma redução drástica de recursos.
Ala onde deveria funcionar a UTI
Muitos timonenses pobres morrem à míngua por falta de atendimento médico. O Hospital Regional Alarico Nunes Pacheco, mantido pelo Governo do Estado, em passado recente fazia 300 cirurgias/mês e hoje não faz mais que 30 procedimentos/mês. Mais de 700 pacientes aguardam na fila de espera para se submeter a cirurgia, o que dá uma ideia do caos no setor de saúde em Timon.
Umas da recepções do hospital está abandonada
Para complicar ainda mais as coisas, o secretário estadual de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, transferiu para o município de Coroatá, que fica há 230 quilômetros de Timon e é governado por sua mulher, Teresa Murad, a maior parte dos recursos que deveriam ser canalizados para o Hospital Alarico Pacheco.

Há 4 meses, Murad construiu, equipou e inaugurou no município governado por sua mulher, o Hospital Macrorregional Alexandre Mamede Trovão, em Coroatá, que funciona como hospital de referência, recebendo os pacientes de outros municípios da região que necessitam de internação em UTI’s.
Sala abandonada
Antes esses pacientes eram internados em hospitais de Teresina, capital do Piauí, que fica a menos de 600 metros de Timon e podiam ser acompanhados pelos seus familiares, mas o secretário Ricardo Murad, alegando que as despesas eram muito altas, decidiu transferir esse atendimento para a cidade de Coroatá.
Secretário de Saúde, Ricardo Murad
Por conta disso e de promessas não cumpridas, o secretário de Saúde do Estado do Maranhão é persona non grata para os timonenses. Em diversas visitas ao município, ele prometeu otimizar o atendimento de saúde em Timon e chegou a prometer que a cidade contaria até com uma UTI aérea, promessa encarada como deboche pela população.

Hoje, as famílias pobres de Timon não têm como acompanhar seus doentes transferidos para o distante município de Coroatá, terra natal do secretário de Saúde. Sem contar com os riscos a que são submetidos os pacientes de UTI’s numa viagem de 230 quilômetros, o que deixa apreensivos os familiares.

Kenedy Gedeon
O vereador Kennedy Gedeon tenta minimizar o problema dizendo que o Hospital Regional Alarico Pacheco vem cumprindo o seu papel, funcionando como hospital-maternidade e atendendo outros pacientes em diversas clínicas, mas não conta com o UTI, razão pela qual os pacientes que necessitam desse tipo de internação devem ser mesmo transferidos para o hospital de Coroatá.

Interpelado se não seria muito mais racional o Governo do Estado investir na reforma e ampliação do hospital regional de Timon, Kennedy Gedeon garante que esse projeto já está sendo elaborado e que dentro de dois ou três meses será realizada a licitação.

Poucos, porém, acreditam nas boas intenções do secretário estadual de Saúde. O vereador Marco Lago (PTC) lamenta a situação em que se encontra o setor de saúde e diz que Timon não está entre as prioridades do governo Roseana Sarney.

Um funcionário do hospital, que não quis se identificar temendo represálias, vai mais longe nas críticas e diz que o hospital de Timon tem estrutura para funcionar como um hospital de grande porte, mas não tem sequer uma UTI. “O Alarico Pacheco, na verdade, funciona apenas como cabide de emprego,” diz.

REFORMA

No governo Jackson Lago, o Alarico Pacheco passou por uma grande reforma e ganhou um anexo moderno, onde funcionam a administração, lavanderias, refeitório, cozinha, auditório e recepção, mas antes que fosse feita a fachada do novo prédio, Jackson foi cassado pela Justiça Eleitoral e a obra não foi concluída pelo governo Roseana Sarney, apresentando hoje um aspecto deplorável. Por essa razão, o acesso ao setor administrativo é feito por um portão improvisado. 
Construções caindo
Sem equipamentos, o hospital funciona precariamente. Tem enfermaria que não conta com um leito sequer e outras com um ou dois leitos. Segundo a nossa fonte, isso acontece porque não há manutenção: quando quebra uma cama eles jogam no lixo e não há reposição. Médicos e pessoal de apoio se desdobram para atender decentemente a quem procura aquela Casa de Saúde, mas pouco podem fazer.
Piso do hospital apresentando defeitos
Houve um verdadeiro retrocesso na saúde pública de Timon. Ao completar 31 anos de existência, o Hospital Regional Alarico Pacheco é o retrato do abandono. Perdeu o status de hospital regional e não atende mais nem casos de pequena complexidade. Se um cidadão quebrar um dedo tem que ser encaminhado para o HUT. Há 20 anos, o setor de ortopedia funcionava perfeitamente. Hoje, não existe mais.
Muro do hospital Alarico Pacheco
O atendimento de urgência obstetra é feito no mesmo setor do ambulatório, que não oferece condições adequadas para receber as parturientes. Diariamente, ocorrem transferências de mulheres grávidas para a Maternidade Evangelina Rosa, em Teresina, pois o Hospital Alarico Pacheco não dispõe de UTI neonatal e nem UTI para atender as mães em casos de necessidade. Os médico, inseguros, preferem transferir para a capital piauiense. 

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